Enquanto as páginas são viradas, estudantes universitários enfrentam a saúde mental
É comum que o ser humano se sinta com medo em situações do cotidiano, por exemplo, antes de uma prova, entrevista de emprego, primeiro dia de aula, atravessar a rua, tomar decisões, dentre outras coisas simples do cotidiano. No entanto, existe uma diferença entre sentir medo e ansiedade. O medo é um sentimento que vivenciamos quando experimentamos algo desconhecido é um mecanismo de defesa, já a ansiedade é relacionada a um tipo de medo que acontece quando a pessoa se preocupa com algo antes mesmo de vivencia-lo, fazendo com que vá se agravando cada vez mais, passando de ansiedade para transtorno de ansiedade. Essa doença é, praticamente, uma resposta do nosso sistema nervoso agindo independente do nosso pensamento racional o qual prepara o corpo para situações de risco.
No Brasil, o número de casos entre quem sofre de ansiedade aumentaram em 9,3% e de depressão 5,8% segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o que é depressão? A depressão é uma doença causada por diversos problemas psicológicos, melhor dizendo, é um distúrbio cerebral definido por desregulação conjunta de diversas áreas, sendo elas a do humor, a qual faz com que a pessoa sinta-se triste por muito tempo, também, a do impulsos; energia e prazer, o qual provoca o desinteresse em atividades que antes traria satisfação ao indivíduo.
"A literatura nos diz que os universitários estão cada vez mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos mentais. São diversos os estudos realizados que comprovam a relação entre os transtornos de ansiedade, depressão e stress com a qualidade das vivências acadêmicas"
Ariella Caovilla - Psicóloga
A pressão psicológica envolvendo problemas familiares, a pressa para se formar no tempo certo, atingir boas notas, cultivar as amizades, tristeza, fracasso, solidão, baixa autoestima e insuficiência, são alguns sentimentos comuns na comunidade acadêmica independentemente da idade. Tais sintomas acabam sendo decorrentes agravando a saúde mental do estudante.
Algumas pesquisas buscam investigar fatores que estariam mais correlacionados com o desenvolvimento de transtornos mentais, tais como o curso, a área de conhecimento e o período letivo.
"Posso dizer que em minha experiência profissional a questão do período é muito relativa. A grande maioria dos pacientes que atendo em consultório particular são estudantes universitários, dentre eles estão acadêmicos do período inicial, que é marcado pela transição do ensino médio para o Ensino Superior; médio, onde se iniciam os estágios e um primeiro contato com a prática profissional; e o final, marcado pelo início do processo de desligamento do papel de estudante e inserção do mercado de trabalho" relata a psicóloga e psicoterapeuta, Ariella Coavilla. Fatores decorrentes do estilo de vida que os estudantes têm que adotar depois de ingressar no ensino superior também podem explicar o sofrimento psíquico.
"A ansiedade aparece de diferentes formas, pode ser por meio de crises, pode ser por meio de fobias. Não que elas vão ser separadas, muitas vezes uma fobia vai vim também com crises de ansiedade chegando a ataques de pânico. Mas tem características que se sobressaem."
Laís Piovesan -Psicóloga
A psicóloga Laís Piovesan fala brevemente sobre o que é ansiedade
Casos como o do estudante que se atirou do 4º andar do prédio da Faculdade Fibra, em Belém, além do da estudante de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estão mais recentes, por essa razão, professores, alunos e técnicos das universidades estão cada vez mais preocupados com seus alunos devido ao índice de suicídio ter aumentado cerca de 24% entre 2006 e 2015, informa pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Relatos sobre pensamentos suicidas tornaram-se mais frequentes nas rodas de conversa dos estudantes do ensino superior, fazendo com que as universidades e movimentos estudantis criem grupos de prevenção e combate aos transtornos mentais, com ações para prevenir problemas como depressão e suicídio.
Em casos de atenção especial, além dos auxílios oferecidos pelas universidades os psicólogos realizam o encaminhamento do aluno para um psiquiatra, que auxilia no tratamento do paciente através de atividades e remédios